Beterraba Leitora: Tyrion XIII

A Fúria dos Reis

Victor
7 min readFeb 24, 2023
Ilustração em tons de verde de uma cidade medieval vista de baixo, com casas e um castelo ao fundo. No centro, atravessando o arco de um portão, alguém que parece ser Tyrion Lannister anda com o auxílio de uma bengala
Capa de A Fúria dos Reis

Hodor!

Boa tarde, Beterrabas! Hoje veremos o capítulo Tyrion XIII, o terceiro capítulo da Batalha da Água Negra.

Tyrion está nas muralhas com Joffrey, testemunhando o resultado de sua armadilha de fogovivo. Tropas de Stannis chegam à margem norte da Torrente, junto de fogo e caos. O Cão deserta, restando a Tyrion o comando da surtida às tropas inimigas.

Conteúdo & Discussão

Tal qual Davos III, Tyrion XIII também é um deus nos acuda da Batalha da Água Negra. E como o primeiro, este também tem muito mais coisas acontecendo sem teorias mirabolantes por baixo ou elucubrações do que acontecerá/aconteceu com alguém.

Consequências da Armadilha

Começamos com Tyrion admirando os resultados da sua armadilha de fogovivo. Ele foi colocado sobre um dos merlões (merlão é aquele “dente” que fica no topo das muralhas, e o espaço entre os merlões é chamado de ameia) da muralha de Porto Real, ouvindo as comemorações de alguns homens.

Enquanto a substância comia tudo que observava pela frente, a Mão pensava sobre os navios que tentavam fugir das chamas verde-jade — um esforço inútil, visto que a correnteza da Água Negra arrastava lentamente a substância. Ele ainda pensa sobre o momento em que Bronn deu as ordens e ergueu a corrente assim que os navios de Myr apareceram.

Joffrey resolveu reclamar sobre os navios que ele viu se perder para o fogovivo (a título de curiosidade, foram: Portorrealense, Rainha Cersei, Homem Leal, e Flor do Mar foram os navios citados, pela descrição, perdeu-se toda a frota Lannister de Porto Real). Seu tio explica que o sacrifício foi preciso porque, se não, Stannis notaria a armadilha.

Nisso, Tyrion nos conta que uns oito navios conseguiram fugir do fogovivo e atracar (ou encalhar) sob as muralhas da cidade enquanto os homens de Myr que conseguiram escapar foram para a margem sul. Além disso, pelas contas dele, Stannis ficaria com umas trinta ou quarenta galés, o que daria a ele chance de atravessar o rio com as tropas estacionadas na margem sul.

Ele então desce do merlão e passa suas ordens para Sor Jacelyn preparar uma surtida (havia movimentação sob as muralhas), além de um tal de Sor Arneld mudar o ângulo das Rameiras (os trabucos, ou trebuchet em inglês, para conseguir disparar melhor sobre os navios restantes).

Um detalhe interessante ser destacado é quanto à munição das Rameiras. Além dos frascos de fogovivo, tem-se, também, barris de piche, pedras, e o mais mórbido: os homens que conspiravam à causa de Stannis, os Homens Chifrudos, foram levados diante do Trono de Ferro para serem julgados. E Joffrey disse que os devolveria ao tio Baratheon. Como resultado, todos os conspiradores foram despidos e transformados em munição para as Rameiras.

Entre este pensamento e a saída de Tyrion dali, Joffrey ergueu seu visor, o que nos rendeu uma troca rápida de tio e sobrinho que dá até para dar uma risadinha:

— Minha mãe prometeu que eu podia ficar com as Rameiras — Joffrey protestou. Tyrion sentiu-se incomodado ao ver que o rei voltara a levantar o visor do elmo. Com certeza o rapaz estava assando dentro de todo aquele aço pesado… mas a última coisa de que precisava era que uma flecha perdida espetasse um dos olhos do sobrinho.

Fechou seu visor com estrondo.

— Mantenha isso fechado, Vossa Graça; sua querida pessoa é preciosa para todos nós — e também não vai querer estragar essa linda carinha. — As Rameiras são suas — não havia hora tão boa como aquela; atirar mais
frascos de fogovivo contra navios queimando parecia não fazer sentido. Joff tinha os Homens Chifrudos amarrados, nus, no pátio abaixo, com chifres de veado presos à cabeça. Quando foram trazidos diante do Trono de Ferro para o julgamento, ele prometera mandá-los a Stannis. Um homem não era tão pesado como um pedregulho ou um barril de piche em chamas, e podia ser atirado bem mais longe. Alguns dos homens de manto dourado tinham apostado se os traidores voariam ou não até a outra margem da Água Negra. — Rápido, Vossa Graça — disse a Joffrey. — Em breve precisaremos dos trabucos para arremessar pedras. Nem mesmo o fogovivo arde para sempre. (01, p. 540–541)

O rapaz foi para as Rameiras sob a guarda de Sor Meryn e Sor Osmund (este, inclusive, foi ordenado por Tyrion pra fazer das tripas, coração para manter o rei vivo e seguro). Tyrion ainda pensa que está fazendo o seu melhor para proteger o bastardo da irmã, que ela fizesse o mesmo pela Alayaya.

Ele mal terminou seu pensamento sobre e más notícias chegaram.

Tomando a Liderança

Um mensageiro surgiu com as (péssimas) novas: centenas de homens desembarcaram no terreiro dos torneios*, trazendo um aríete junto. Tyrion praguejou, desceu a escadaria do seu jeito e se encontrou com Podrick.

*Este terreiro de torneios é um espaço onde os torneios são feitos (nossa, valeu pela informação, Capitão Óbvio), sendo o local onde o Torneio da Mão que aconteceu láááá em AGOT, quando o Ned chegou a Porto Real como Mão do Rei Robert e tivemos todo um desenvolvimento da trama ao redor da morte de Jon Arryn.

O Lannister foi a galope para o portão (as ruas estavam desimpedidas por ordem dele, para facilitar o tráfego entre os portões) seguido por Sor Mandon Moore e Podrick, revelando que, ao chegar ao portão, o ranger da madeira já avisava que o aríete fora posto em ação.

Tava uma galera amontoada perto do portão, um bocado deles feridos, quando Tyrion chegou, ordenando entrar em formação. Ele chamou pelo líder da defesa do portão, avisando que sairão.

E uma voz responde “não”, argumentando que já saíram para três surtidas anteriores, perdendo metade dos homens e dos cavalos. Era o Cão de Caça. Quando o vê, a Mão descreve o seu estado: Sandor Clegane arrancou o elmo com ambas as mãos e deixou-o cair no chão. O aço estava chamuscado e amassado, e a orelha esquerda do cão rosnador foi arrancada. Um golpe por cima de um dos olhos pintara com uma camada de sangue as velhas cicatrizes de queimadura do Cão de Caça, mascarando metade de seu rosto. (01, p. 541).

Um dos mercenários reclama sobre o que viu, e Tyrion responde atravessado daquele jeito: cheio de sarcasmo e raiva quando está numa situação onde ele está perdendo o controle das coisas.

Sor Mandon tenta usar o argumento da autoridade com o Cão, mas recebeu um “foda-se” de resposta.

Demorou um tempo até Tyrion notar que Sandor Clegane estava com medo. E é compreensível: quem conhece a história dele com o irmão, o Montanha, sabe o quanto ele não deve ter ficado traumatizado com fogo.

Com o Cão cagando pra autoridade alheia, ele pediu bebida, ordenando que fosse vinho. Vendo a situação, Tyrion aceitou que perdeu o comando de Clegane sobre aqueles homens: a pirofobia dele afetou seus homens. Pensou em Sor Mandon liderando-os, mas não serviriam, tanto o líder quanto os homens.

Ele então anuncia que liderará a surtida. Cão ri dele enquanto a Mão vestia seu elmo e mandava Sor Mandon ir como porta-estandarte real. Sobre o cavalo, Tyrion dá uma chamada na masculinidade dos mercenários: “Dizem que sou meio homem — Tyrion disse. — O que isso faz de vocês? (01, p. 542).

Na base da vergonha, os homens vieram lentamente se juntar ao Lannister, que faz um dos discursos pré-batalha mais inusitados:

— Não me ouvirão gritar o nome de Joffrey — disse-lhes. — Tampouco me ouvirão gritar por Rochedo Casterly. É a sua cidade que Stannis pretende saquear, e aquele portão que tenta derrubar é o seu. Portanto, venham comigo e matem o filho da puta! — Tyrion desembainhou o machado, fez o garanhão rodar, e trotou na direção da porta de surtida. Achava que o seguiam, mas não se atreveu a olhar. (01, p. 542)

Momento Ned Pomba

Tal qual Davos III, este capítulo não tem teorias. Mas, se você quiser ser do tipo mais conspiratório, podemos dizer que a decisão de Tyrion de liderar a surtida sobre as tropas Baratheon foi ele assinando o seu atestado de quase óbito. Provavelmente ele seria atacado nas muralhas? Sim. Mas ao sair em campo aberto, as chances de algo como o “acidente” acontece pelas mãos inimigas é bem mais convincente que na segurança da capital.

Momento Geografia

Como vimos desde Sansa V, tudo desde este capítulo acontece em Porto Real e proximidades. Então, se quiser ter uma ideia de onde estão, tem o capítulo Tyrion IX, onde disponibilizei um mapa da cidade.

Cuzão Alert

Idem ao Momento Joffrey.

Momento Valar Morghulis

Apesar de estarmos no meio da Batalha da Água Negra, não tivemos nomes de falecidos neste capítulo. Continuamos com 151 mortes.

Momento Joffrey

Todo o destino dos Homens Chifrudos é particularmente cruel. O que me leva a crer que foi, muito provavelmente, decisão do Joffrey e seu talento nato para decidir situações tão cruéis com quem possa ter ofendido-o.

Momento Dracarys

Tivemos dois momentos. O menor, mais engraçaralho, foi o pensamento de Tyrion quanto ao visor do elmo de Joffrey levantado.

O mais importante, por assim dizer, foi o discurso também do Tyrion: teve vergonha, cobrança e palavrão, tudo para a gente rir desse povo.

Imagem do mascote da coluna, Beterrabita. É o emoji do nerd de óculos e dentuço sorrindo, mas com a parte amarela pintada toscamente no paint num tom vermelho-beterraba e a armação do óculos pintada em tom verde-folha
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Dúvidas, críticas ou sugestões? Então vai lá no grupo do Hodor Cavalo, procura pela #BeterrabaLeitora e faz lá o seu comentário. Dia 03/03 eu farei outra coluna aqui no medium, respondendo as suas questões (se tiverem).

Na próxima Beterraba Leitora (dia 10/03), teremos o capítulo Sansa VI. Veremos como a Batalha se desenrola sob os olhares de Sansa.

Aliás, duas coisinhas que esqueci de comentar no capítulo passado.

A primeira: a sessão Livro versus Série vai sair toda de uma vez quando a Batalha tiver terminado.

A segunda: meu mestrado está para começar e eu não sei como ficará o meu horário. Acredito que a publicação quinzenal não será afetada no começo, mas, para facilitar a minha vida, a próxima publicação da Beterraba Leitora poderá não sair às 13:00 como o padrão.

Hodor!

Referências

01 — MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo: A Fúria dos Reis. Tradutor Jorge Candeias. 13ª reimpressão. São Paulo: Editora Leya, 2011.

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